RV

Lisboa
Inventada

Descrição

A Lisboa de Rodrigo Vila (n. 1980, Lisboa) desenha-se aos poucos como um articulado de pedras engendrado por gente e cimentado por detalhes, sobreposição à primeira vista anárquica de expressões, padrões, cores e gestos, moldura irremediável da vivência do olhar curioso de quem teima perceber a complexidade da evolução da cidade. As imagens fragmentadas de Vila falam da impossibilidade de apreender a cidade na sua totalidade e com um único centro. O centro que representava um lugar geográfico específico, marcado por monumentos, cruzamento de certas ruas e avenidas, teatros, cinemas, restaurantes, ruas de pedestres já não existe. A cidade de Lisboa de Rodrigo Vila, lembra a presentificação da cidade de Wim Wenders em Lisbon Story (1994), como espaço de recuperação da infância vivida na cidade e configura-se também como espaço de recuperação da imagem de um lugar. Mesmos nas cidades impregnadas de signos do passado, como Berlim ou Lisboa, o encurtamento do presente e a dúvida diante do futuro incontrolável são factores redutores das experiências temporais que privilegiam as conexões simultâneas. Enquanto na modernidade, a cidade com o seu cenário de novas construções e ruas tumultuadas ofereceu aos fotógrafos novas fontes de inspiração, e estes passaram a ocupar-se da cidade e do seu horizonte quotidiano, no pós-modernismo a cidade é um não-lugar formado por uma amálgama de também não-lugares. Neste contexto, e munido com uma pinhole, Vila embrenhou-se na cidade na senda da cidade do ponto de vista do transeunte retratando uma multiplicidade de histórias tão banais quanto reais e as expressões ausentes dos habitantes de uma cidade pós-moderna.

Detalhes


Data: 2010
Pinhole
480 x 354 mm
Exposição RoundTheCorner

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